É fácil olhar para a vida do outro e apontar erros. Difícil mesmo é encarar nossas próprias falhas com sinceridade. Paulo escreve aos Romanos com uma clareza desconcertante: “Portanto, você que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Romanos 2:1).
Essas palavras ecoam até hoje, pois a tendência de julgar os outros está presente em cada coração humano. Mas por que julgamos? E o que isso revela sobre nós?
O Orgulho Que Alimenta o Julgamento
Julgar é, muitas vezes, fruto do orgulho. Pensamos: “Eu nunca faria isso.” Mas a verdade é que ninguém está imune.
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O viciado que julgamos pode apenas ter encontrado no vício uma fuga diferente das nossas.
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O fofoqueiro que criticamos talvez esteja revelando em voz alta aquilo que nós pensamos em silêncio.
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O irmão que tropeça expõe, diante de todos, o que nós escondemos debaixo do tapete.
Jesus nos alertou: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?” (Mateus 7:3).
O julgamento nasce da ilusão de que nossos pecados são menos graves que os dos outros.
A Bondade de Deus nos Conduz ao Arrependimento
Paulo lembra ainda que o julgamento ignora algo precioso: a bondade de Deus. “Não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento?” (Romanos 2:4).
O amor de Deus não é uma desculpa para o pecado, mas uma oportunidade de transformação. Enquanto perdemos tempo condenando os outros, esquecemos que a graça que nos alcançou também está disponível a eles.
Deus não é parcial. Ele não trata melhor um do que outro. Seu juízo é justo e perfeito, e só Ele tem autoridade para avaliar intenções e corações.
O Peso do Julgamento: Quando Usurpamos o Lugar de Deus
Ao julgar, assumimos um papel que não é nosso: o de juiz. Só que ao fazer isso, cometemos dois erros graves:
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Nos colocamos no trono que pertence a Deus.
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Desprezamos a misericórdia que nos alcançou.
Tiago 4:12 é categórico: “Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo?”
Quando julgamos, esquecemos que fomos salvos não pela nossa justiça, mas pela cruz.
O Fariseu e o Publicano
Jesus contou uma parábola sobre dois homens que foram orar no templo (Lucas 18:9-14),
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O fariseu, cheio de si, agradecia por não ser como os outros pecadores.
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O publicano, humilde, batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador.”
O resultado? O publicano saiu justificado, e o fariseu, não.
A alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: ― Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, e o outro era publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: “Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens — ladrões, injustos, adúlteros — nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. ― O publicano, porém, ficou a distância. Ele nem sequer ousava olhar para o céu, mas, batendo no peito, dizia: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador!”. ― Eu digo que este homem, não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado.
Essa parábola revela que Deus se agrada da humildade e não da comparação.
Por Que Julgamos Tão Facilmente?
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Porque é mais simples olhar para fora do que para dentro.
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Porque nos iludimos achando que pecados diferentes significam gravidade diferente.
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Porque esquecemos da graça que nos perdoou.
Julgar é um reflexo de um coração que ainda não entendeu a profundidade da misericórdia de Deus.
Como Vencer a Tentação de Julgar
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Lembre-se da cruz: Jesus morreu pelos pecados do outro da mesma forma que morreu pelos seus.
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Pratique a empatia: Coloque-se no lugar da pessoa. O que você faria no lugar dela?
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Ore em vez de criticar: Troque a murmuração por intercessão.
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Reconheça sua falha: Antes de apontar, pergunte: “E eu, em que tenho tropeçado?”
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Exerça misericórdia: Jesus disse: “Bem-aventurados os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7).
O Chamado Para Ser Canal de Graça
O mundo já está cheio de juízes, críticos e apontadores de erros. O que ele precisa são de homens e mulheres que carreguem o amor de Cristo.
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Em vez de apontar, estenda a mão.
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Em vez de condenar, ofereça perdão.
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Em vez de afastar, aproxime.
A graça de Deus não nos torna juízes do próximo, mas testemunhas vivas do Seu amor.
Escolha a Graça, Não o Julgamento
Julgar é fácil. Amar é difícil. Mas é justamente esse caminho difícil que Cristo nos chama a trilhar.
Não desperdice energia apontando o dedo para os outros. Volte seus olhos para dentro, reconheça sua dependência da graça e deixe que Deus seja o juiz. Sua missão não é julgar, mas amar, servir e refletir Cristo ao mundo.
Enquanto julgamos, afastamos; mas quando amamos, aproximamos pessoas do coração de Deus.
Reflexão para Hoje
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Você tem gastado mais tempo julgando ou intercedendo pelos outros?
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Que área da sua vida ainda precisa reconhecer a misericórdia de Deus?
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Como pode, de forma prática, trocar o julgamento por graça no seu dia a dia?
Quer continuar crescendo em graça e deixando o julgamento de lado? Explore outros artigos em nosso blog e descubra como viver de forma que reflita o coração de Cristo.